domingo, 27 de abril de 2014

Sintonia e obsessão

Mediunidade/ Por Marcos Paterra

As energias espirituais que acompanham os sentimentos e pensamentos são poderosas e, quando não se voltam para os valores humanos, trarão consideráveis malefícios, favorecendo as obsessões

A obsessão é conceituada, em O Livro dos Médiuns, como:"(...) domínio que alguns espíritos podem adquirir sobre certas pessoas. São sempre espíritos inferiores que procuram dominar, pois os bons não exercem nenhum constrangimento. A obsessão apresenta caracteres diversos que é necessário distinguir, e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produzem" - cap. XXIII, da Obsessão.
O processo de desenvolvimento espiritual do ser humano é repleto de desatinos sistemáticos, os quais são consequências diretas de sua ignorância. Desses desalinhos surgem as patologias da alma, com suas revelações no corpo físico. Elas se manifestam de várias formas e traduzem sempre um desequilíbrio no campo do espírito.
As energias espirituais que acompanham os sentimentos e pensamentos são poderosas e, quando não se voltam para os valores humanos, trarão consideráveis malefícios para as estruturas que sustentam a harmonia do ser. Assim, torna-se evidente que as influências negativas de entidades desencarnadas poderão distorcer a clareza da mente, pela superposição de imagens e pensamentos contraditórios, ocasionando as conhecidas alucinações, síndromes do pânico, enfraquecimento orgânico e psíquico e tantos outros sintomas produzidos pelas obsessões.

Atraímos obsessores
Jorge Andréa, no texto Obsessão e Doenças Mentais, do Boletim Médico- Espírita n*9, afirma: " Todos os processos obsessivos podem ser ativados e alimentados pelas ações desequilibrantes de conduta e descontrole emocional-afetivo propiciadores de aflitivas interações, cujos mecanismos aceleram as condições de fixação mental. (...) Nessa posição incrementa-se o fenômeno ideoplástico nas fixações de imagens, a propiciar o aparecimento das alucinações de toda ordem, principalmente as visuais e as auditivas. Nessa fase, serão atingidos não só os componentes físicos do psiquismo, mas também as regiões energéticas que os envolvem, representados pelos campos perispirituais (...)".
Em um comentário à questão 549, de O  Livro dos Espíritos, Kardec já afirma que "A dependência em que o homem se acha, algumas vezes, em relações aos Espíritos inferiores, provém de sua entrega aos maus pensamentos que estes lhe sugerem, e não de quaisquer acordos feitos entre eles. O pacto, no sentido vulgar do termo, é uma alegoria que simboliza uma natureza má simpatizando com Espíritos malfazejos."
O espírito, além das vivências de outras encarnações, que trazem experiências dinâmicas no inconsciente, possui desajustes provocados em seu sua atual encarnação. Entre problemas sociais, culturais e/ ou familiares, geram-se problemas psíquicos como remorso, medo, ira, maldade desenfreada, egoísmo e orgulho... condutas e sentimentos que atraem obsessores.
Às vezes, perguntamo-nos por que as obsessões agem com tanta eficiência sobre nós. Herculano Pires nos responde: " Se voltassem os olhos para o passado, veriam que a história da humanidade é suficiente para justificar todas as formas de obsessão e vampirismo que campeiam no planeta,desde as nações mais bárbaras às mais civilizadas"- vampirismo, cap.VIII.
Novamente em Kardec, no livro O Espiritismo Em Sua Expressão Mais Simples encontramos: "Os Espíritos, encarnando-se, trazem com eles o que adquiriam em suas existência precedentes; é a razão porque os homens mostram instintivamente aptidões especiais; inclinações boas ou más que lhes parecem inatas. As más inclinações naturais são os vestígios das imperfeições do Espírito, dos quais ele não se despojou inteiramente; são também os indícios das faltas que ele cometeu, e o verdadeiro pecado original. A cada existência ele deve lavar-se de algumas impureza."

Dificuldades mediúnicas
A própria faculdade mediúnica, quando não educada, poderá expor o indivíduo a essa gama de forças intrusas que afetarão a sua consciência, acarretando confusão na área psicológica. Por isso, quando ciente de mediunidade, deve-se analisar com outros olhos os fatos do cotidiano.
Léon Denis, no livro Espíritos e Médiuns, no capítulo 4, sabiamente nos diz: "O Espiritismo é uma arma de dois gumes: arma poderosa- com o apoio dos espíritos elevados - para combater os erros, a mentira  e todas as misérias morais da humanidade; mas também uma arma perigosa pela ação dos espíritos inferiores e maus. Nesse caso, pode voltar-se contra os médiuns e os experimentadores e ferir-lhes a saúde e a dignidade, causando desordens graves."
Herculano Pires conclui: "Cabe aos espíritas, que conhecem a outra face da existência, medir a distância qualitativa entre o entregar-se às forças negativas do passado, como escravos de uma situação miserável entre os homens, e o ato de empossar-se nos seus direitos de criatura humana em evolução, avançando na direção dos anseios superiores da sua consciência humana" - Mediunidade _ Vida e Comunicação.

Causa de doenças
Os obsessores agem amplificando nossos pensamentos e/ou influenciando-os. A persistência nesses pensamentos causa-nos as chamadas doenças psicossomática.
O espírito André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier, nos revela no livro Ação e Reação: "De um modo geral, porém, a etiologia das moléstias perduráveis, que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no corpo espiritual as suas causas profundas. (...) Os nódulos de força mentais desequilibradas." Acrescenta: "Essas enquistações de energia profunda, no imo da alma, expressando as chamadas dívidas kármicas (...) são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra."
Sobre esse prisma, podemos afirmar que as causas da obsessão se alicerçam em nossas imperfeições, quais sejam: vícios, paixões exacerbadas, perversões sexuais, crimes, ganância, apegos excessivos a pessoas e objetos... que nos colocam em estado de sintonia vibratória com os espíritos desencarnados. Para evitar e /ou afastar os obsessores, é necessário, acima de tudo, autoconhecimento e reforma íntima.O tratamento de desobsessão em uma instituição idônea, por médiuns competentes, pode ser necessário para ajudar nesse intento.
Para aqueles que procuram evitar a realização de trabalhos desobsessivos nos centros, finalizo com uma ponderação de Herculano Pires, no livro Vampirismo: "As sessões espíritas de desobsessão podem cansar e aborrecer os que só pensam em si mesmos, alegando dificuldades, como as do vampirismo e do animismo, para justificarem sua preferência pelas sessões de elevada instrução espiritual. Essa é ainda uma prova do nosso egoísmo, da nossa inferioridade e falta de compreensão da realidade terrena. Não temos o direito de suspirar por sessões angélicas, pois estamos muito distantes dos planos da angelitude, característicos dos planos superiores, dos mundos felizes."

Marcos Paterra é diretor científico da Associação Médico-Espírita-PB

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